FUCVAM |
SEMINARIO
INTERNACIONAL |
Produção Social do Habitat
Morar
perto do Centro
1.-
Identificação geral
Nome da experiência:
Morar perto do Centro
Localização:
Região Central de São Paulo - Brasil
Autor da ficha: ULC - Sidnei Antonio Euzébio / UMM
Movimento F. Cortiços – Ciro Nunes Fraga Neto / UMM
Assessoria CAAP - Leonardo
Pessina / UMM
Breve caracterização do caso: Programa participativo e integrado de revitalização de Cortiços na região central de São Paulo. Proposta elaborada pelos Movimentos e Assessorias apresentadas à atual Prefeitura Municipal de São Paulo.
2.-
História, antecedentes e contexto
·
Contexto
social, político e institucional em que se desenvolve a experiência.
Trata-se de um programa participativo de reabilitação de cortiços na região central envolvendo os aspectos de habitação, cultura, educação, arquitetura e patrimônio histórico e geração de renda para as famílias moradoras de cortiços, evitando a expulsão das famílias de baixa renda da região central de São Paulo.
O
projeto afeta 600.000 pessoas moram em cortiços (FIPE 94) e
8.900 moradores de rua (Silvia Shor).
Vejamos alguns aspectos do perfil do
encortiçado.
FAIXA
ETÁRIA (FIPE
1997) |
COMPOSIÇÃO
DAS FAMÍLIAS (FIPE
1997) |
15
a 55 anos – 62% |
2
pessoas – 19,2% |
15
a 53 anos – 11% |
3
pessoas – 22,1% |
04
a 14 anos – 20% |
4
pessoas – 22,7% |
Mais
de 55 anos – 7% |
1
pessoa – 17,4% |
|
5
ou mais – 18,6%
|
ESCOLARIZAÇÃO (FIPE
1994) |
OCUPAÇÃO (FIPE
1994) |
Analfabetos ou 1º grau incompleto – 45,5% |
Indústria – 10,8% |
1º
grau completo
–
8,7% |
Comércio
– 9,9% |
Cursam
1º grau
– 16,8% |
Funcionário
público – 9,3%
|
Cursam
2º grau
– 1,4% |
Prestação
de serviços – 15,7% |
2º
grau incompleto –
2,2% |
Construção
civil
– 2,3% |
2º
grau completo
- 2,3% |
Autônomos
– 3,6% |
Curso
superior
– 0,2% |
Subempregos
– 2,3% |
Crianças
menores de 07 anos
– 14,6% |
Desempregados
– 7,8% |
Crianças
fora da escola
– 1,1% |
Aposentados
– 2,2% |
|
Nunca
trabalharam –
13% |
|
Abaixo
de 14 anos –
31,5%
|
RENDA (FIPE
1997) |
Até
3 salários mínimos – 23,2% |
Renda
de 3 a 6
- 40,1% |
Renda
de 6 a 10
- 26,2% |
Renda
de 10
- 10,5% |
MORADIA
/ TRABALHO CENTRO (FIPE
1997) |
VANTAGEM DE MORAR NO BAIRRO (FIPE
1997) |
36%
trabalham no mesmo distrito |
34,5%
moradores destacam aproximação do trabalho |
30,7%
trabalham no distrito vizinho |
17,6%
existência de equipamentos |
33%
trabalham em outro distrito |
12,8%
condução fácil |
60%
vão a pé para o trabalho |
7,4% existência de serviços |
30,6%
utilizam o coletivo |
32% não vêem desvantagens em morar no bairro
em
que habitam |
4,5%
vão a pé mais outro meio |
14,4%
segurança como desvantagem |
1,3%
utilizam vários meios |
12,9%
ruas sujas |
3,7%
somente automóvel |
11% poluição / barulho / trânsito |
|
9,6% aluguel caro |
·
Originador
do projeto
Movimentos
organizados do Centro e Assessorias Técnicas ligadas a UMM começaram a
discutir em janeiro deste ano uma proposta para o centro de São Paulo. Já no
ano de 2000, no Instituto Florestan Fernandes,
houve uma importante contribuição dos Movimentos e Assessorias Técnicas
para elaborar o projeto Morar Perto da atual Prefeitura do Município de São
Paulo.
·
data
de início
Março
de 2001.
·
Fases
do processo
1
– elaboração da proposta
2
– negociação com a Prefeitura Municipal de São Paulo
3
– implementação de três etapas distintas:
a)Subdivisão e análise dos distritos para a identificação dos perímetros.
b) Elaboração do Plano Integrado do Perímetro
c) Desenvolvimento dos Projetos
Pontuais Integrados.
·
Situação
atual
Negociação junto à Prefeitura Municipal de São Paulo para definição dos perímetros e contratação dos trabalhos técnicos.
3.-
Objetivos, estratégias e alcances
·
Objetivo
geral.
Promover
condições para a requalificação habitacional e inclusão econômica e sócio-
ambiental dos moradores de cortiços.
Objetivos
específicos.
a)
Valorizar e
promover o patrimônio humano e construído, por meio da produção de habitação
para a população de baixa renda, da reabilitação e melhoria de imóveis
encortiçados;
b)
Estimular o
repovoamento na perspectiva da desejável diversidade funcional na região
central de São Paulo;
c)
Melhorar a
qualidade global de vida das famílias de baixa renda, residentes nestes bairros
centrais por meio de ações que articulem moradia com trabalho e renda, estímulos
à atividades produtivas, pequenos empreendimentos, requalificação
profissional, e ações terapêuticas e preventivas para a população em situação
de risco social;
d)
Incentivar formas
de suporte à escolarização de jovens e adultos e prevenção à evasão
escolar de crianças e adolescentes de famílias participantes dos projetos;
e)
Reabilitar o patrimônio
histórico e arquitetônico com ações de caráter cultural popular, como
elementos agregadores do território urbano, fatores indispensáveis para a
vitalidade da cidade;
f)
Reforçar a
sinergia entre os diversos atores com o uso de metodologias e processos de decisão
democráticos, flexíveis e participativos, na perspectiva da construção de um
ambiente urbano vivo e saudável.
·
Critérios
estratégicos
A
estratégia é não trabalhar uma opção isolada ou pontual, mas sim o conjunto
de ações integradas de um perímetro formada por um conjunto de quadras (quarteirões)
vizinhas (e seus lotes) que apresentem características potenciais para
requalificação habitacional e urbana.
Organiza-se
o processo nas 3 etapas mencionadas anteriormente.
O
envolvimento do maior número de atores faz parte também da estratégia adotada.
·
Tamanho
da população participante e beneficiária
600.000 pessoas encortiçadas (FIPE 94), 8.900 moradores de rua
(Silvia Shor) e indiretamente toda a população da cidade.
·
Alcance
territorial
Urbano,
na região central de São Paulo, com reflexo em toda a cidade.
·
Aspectos
inovadores
-
sócio-organizativos:
a iniciativa é dos movimentos e procura a integração da classe média com a
população de baixa renda.
-
tecnológicos:
pretende incorporar a tecnologia em reciclagem de prédios
já existentes.
-
financeiros:
propõe a utilização de recursos dos governos Federal,
Estadual, Municipal e da comunidade.
-
metodológicos:
parceria com poder público dentro do perímetro com maior concentração de
cortiços e/ou imóveis vagos.
-
de
gestão:
Conselho Municipal de Habitação, gestão do mutirão e gestão dos Conselhos
de perímetro.
4.-
Atores envolvidos e papel que desenvolvem
·
População
beneficiária: famílias encortiçadas e população do Centro de São Paulo
·
Organizações
sociais: Movimentos de Moradia do Centro, UMM.
·
Assessorias Técnicas,
constituídas como ONG’s,
·
Governo
local, estadual e federal,
·
Universidade –
USP.
·
Financeiros: Caixa
Econômica Federal, COHAB, CDHU.
·
Cooperação
internacional: Politécnico di Torino – Itália.
·
Igreja: Pastoral da
Moradia
·
Partidos:
Progressistas
5.-
Componentes do programa ou projeto (breve descrição de como se articulam)
·
Elementos
do habitat incluídos no processo produtivo
-
solo: mudança
na legislação urbanística para baixar preço da terra e
imóveis.
-
moradia: produção por autogestão.
-
infra-estrutura e serviços:
aproveitar serviços e equipamentos do Centro
de São Paulo.
-
espaços públicos:
respeito do patrimônio público e preservação da
memória da
cidade.
·
Aspectos
sociais e culturais
-
níveis
e campos cobertos por participação social:
população de baixa
renda,
movimentos e população do Centro de São Paulo.
-
fortalecimento
organizativo: o
projeto busca fortalecer os movimentos
sociais
envolvidos.
-
grau
de autonomia alcançado:
autonomia total, mas a proposta tende a fortalecer o processo com a parceria com
o poder público.
-
negociação
com outros atores:
parceria de todos os níveis de poder
público, Movimentos e Assessorias Técnicas.
-
papel
da mulher; equidade de gênero:
presença marcante das mulheres na liderança dos movimentos e no trabalho do
mutirão autogestionário.
-
consideração
de traços e práticas culturais:
a proposta deve encontrar obstáculos culturais e uma população diversificada,
sendo que o projeto tende a respeitar a cultura nordestina e a estrangeira dos
moradores de cortiços sem implantar uma proposta única mas articulada
coletivamente.
·
Fortalecimento
econômico dos participantes e/ou sustentabilidade ecológica
-
geração
de espaços produtivos:
moradia e bairro.
-
geração
de ingressos a partir do processo produtivo do habitat:
geração de emprego e renda.
-
geração de microempresas:
cooperativas produtivas
-
atividades
geradoras de ingresso e poupança vinculadas ao manejo sustentável dos
recursos:
reciclagem de lixo.
·
Contribuição
ao desenvolvimento urbano
-
articulação
do caso a processos de:
planejamento urbano, requalificação
do bairro,
requalificação da imagem urbana, resgate patrimonial ou
ambiental, requalificação de espaços públicos e da convivência
urbana.
·
Processo
e nível de integração dos diversos componentes
A
idéia é integrar o processo participativo a partir de um núcleo forte, através
dos Movimentos.
6.-
Principais instrumentos utilizados
·
Sócio-organizativos:
·
Os movimentos se
organizam com critérios próprios e se filiam à UMM, participando de suas
lutas e plataforma.
·
Desenvolvem
processos de formação e capacitação, de forma participativa,
·
Mantém a informação
e a comunicação com reuniões quinzenais em grupos, oficinas, assembléias,
cursos, plenárias, etc.
·
Financeiros
Contribuição
mensal dos associados para o Movimento e uma política de captação de recursos
da cooperação internacional e dos
diferentes níveis do poder público.
·
Jurídicos
-
figura legal: sociedade civil sem fins lucrativos
- acordos e convênios:
entre os movimentos e as Assessorias Técnicas e
Convênios com
a Prefeitura Municipal de São Paulo, a CEF e a CDHU.
·
Administrativos
e de gestão
Conselho
de Perímetro
·
De
fomento e difusão
Internet,
jornal, TV, palestras, boletins informativos dos
Movimentos.
7.-
Conquistas e principais lições aprendidas.
·
Principais
impactos:
espera atingir os objetivos através de negociações com a Prefeitura Municipal
de São Paulo.
·
Principais
obstáculos enfrentados:
organização da sociedade civil com outros interesses
denominada “Viva o Centro”. Nível educacional da população de
baixa renda.
·
A proposta ainda não
foi implementada totalmente portanto não existem elementos para a reflexão.
8.-
Palavras chave
Autogestão, moradia, participação popular, reciclagem, cooperativa,
cidadania.
9.-
Fontes
Morar Perto-Centro. Programa
Participativo e integrado de Reabilitação de Cortiços
na Região Central. Censo, FIPE, documentos
da Prefeitura do Município de São Paulo,
jornais, IBGE.
UMM – União
dos Movimentos de Moradia
Rua Camarajibe, 52 – Tel: (011) 3825-5725.
ULC – Unificação das Lutas de Cortiços
Tel: (011) 6604-5261
Fórum dos Cortiços e Sem Teto de São Paulo
Tel: (011) 3326-4084 - Celular: (011) 9372-9286
MMC – Movimento de Moradia do Centro
Tel: (011) 3107-5636
MSTC – Movimento Sem Terra do Centro
Tel: (011) 3362-2819
ASSESSORIAS TÉCNICAS
MULTIDISCIPLINARES
AD –
Assessoria em Habitação aos Movimentos Populares
Tel:66042603
Ambiente – Trabalhos para o Meio Habitado
Tel:30340793
APROCOHAB – Assessoria Pro-Cooperativas Habitacionais
CAAP – Centro de Assessoria à Autogestão Popular
Tel: (011) 4992-8406 ou (011) 4992-8407
Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos
Tel: (011) 3326-2643 ou (011) 3313-4944
Fábrica Urbana
Tel: (011)
55758621
Integra – Cooperativa de Trabalhos Interdisciplinar
Tel: (011) 92496364
João de Barro Arquitetura
Norte Assessoria
Peabiru – Trabalhos Ambientais e Comunitários.
Tel: (011) 2890253
Projeto Metuia
USINA – Centro de Trabalhos para o Ambiente Habitado
Tel: (011) 38149540
Politécnico di Torino
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