Informe
            Nacional Brasil: Parte VI
            II. O papel dos Bancos
            Multilaterais de Desenvolvimento no setor energético
            do Brasil
            A. Antecedentes recentes no
            contexto latinoamericano: o "Consenso de
            Washington
            Em 1989, o Institute for
            International Economics promoveu uma conferência
            com o título Latin American Adjustement: How much
            has happened?, evento que contou com a
            participação de vários especialistas e
            instituições de financiamento sediadas em
            Washington, entre as quais o FMI-Fundo Monetário
            Internacional, Banco Mundial e BID-Banco
            Interamericano de Desenvolvimento.
            Com o objetivo de discutir
            problemas da América Latina e avaliar as
            possibilidades da implementação de reformas
            econômicas nos países da região, esta conferência
            acabou por ratificar as propostas de cunho neoliberal
            como condição para a cooperação financeira
            externa, bilateral ou multilateral. Os resultados
            deste evento ficaram também conhecidos como o
            "Consenso de Washington".
            Nesta reunião foram
            estabelecidos alguns princípios básicos a serem
            seguidos pelos países tomadores de empréstimos para
            a concessão de financiamentos por parte das
            principais instituições multilaterais, dentre os
            quais ressaltam-se: disciplina fiscal; contenção
            dos gastos públicos; reforma tributária;
            liberalização financeira e comercial; abertura do
            mercado para investimento direto estrangeiro;
            adoção de políticas de privatização e
            desregulação. 
            O sucesso na disseminação das
            propostas do Consenso de Washington encontra
            explicação no colapso do comunismo na Europa
            Central e na desintegração da União Soviética,
            além da adesão do socialismo espanhol e francês ao
            ideário neoliberal. Como resultado, foi também
            questionado o modelo de desenvolvimento inspirado
            pela CEPAL (Comissão Economica para a América
            Latina), construído na América Latina sobre a base
            de capitais privados nacionais e estrangeiros, e da
            participação ativa do Estado como regulador e
            empresário. 
            * (acrescentar análise do
            documento "The World Banks Role in the
            Electric Power Sector" e suas relações com o
            processo de reforma do setor elétrico no Brasil)
            B. O Banco Mundial e o BID
            no Brasil
            A estratégia de assistência
            (monetária e de aconselhamento) proposta pelo Banco
            Mundial, nestes documentos, representa a
            continuação dos objetivos articulados no último
            CAS (Country Assistance Strategy), ou seja, a
            redução da pobreza e da desigualdade social no
            Brasil - no início dos anos 90, cerca de 36% da
            população brasileira (53 milhões de pessoas) vivia
            na miséria devido, principalmente, à péssima
            distribuição de renda, à inflação, à
            desigualdade de acesso à serviços sociais básicos,
            e à baixa qualidade da força de trabalho. Dez
            porcento da população ganhava cerca de metade da
            renda doméstica nacional (48.7%), enquanto que os
            40% mais pobres respondiam por apenas 7.8% dela. 
            O Banco Mundial propõe, como
            forma de viabilização de empréstimos, a
            consolidação dos esforços das autoridades
            brasileiras no plano de estabilização da economia,
            através de reformas nos setores públicos e
            modernização do estado; da abertura da economia e
            modernização do setores produtivos; e redução das
            desigualdades. Baseado nisso, a assistência
            estratégica do Banco dependerá da credibilidade dos
            estados, que por sua vez, depende da implementação,
            a médio e longo prazo, dos seguintes elementos:
            
                - reformas estruturais
                    (federais e estaduais), as reformas fiscal,
                    política, da previdência social,
                    financeiras setoriais; da administração
                    pública e liberalização do mercado;
                    privatização e desregulamentação de
                    setores como da energia, transportes,
                    petroquímico, telecomunicações, etc; e a
                    alteração das responsabilidades dos estados
                    e municípios; 
 
                - redução direta da
                    pobreza, rural e urbana e desenvolvimento de
                    recursos humanos, com programas de saúde
                    (maior acesso à água, saneamento e
                    transporte público), educação básica,
                    políticas regionais diferenciadas; novos
                    mecanismos de financiamento; melhorias na
                    infra-estrutura e nas atividades de
                    informação, treinamento e comunicação.
 
                - infra-estrutura e
                    desenvolvimento urbano: promovendo e
                    financiando a modernização dos setores
                    produtivos e a expansão da infra-estrutura e
                    serviços que diretamente beneficiem os
                    pobres (estradas, iluminação pública,
                    ônibus urbanos, e transportes
                    ferroviários); encorajando a participação
                    da iniciativa privada; e fortalecendo as
                    instituições estaduais e municipais
                    responsáveis pelo gerenciamento e operação
                    da infra-estrutura.
 
                - ambiental:
                    consolidando o gerenciamento de recursos
                    naturais/ambientais, através do
                    fortalecimento da agências de proteção
                    ambiental federais e estaduais, a
                    reformulação de leis, regulamentações, e
                    políticas de impostos para o desenvolvimento
                    florestal, latifúndios, reservas indígenas
                    e poluição urbana; e aumentando a coação
                    e o monitoramento da poluição .
 
                - gerenciamento da pasta
                    ministerial, com ênfase no gerenciamento
                    e execução da pasta, reforçando a
                    implementação dos projetos e o
                    acompanhamento dos gastos. 
 
            
            Para que esses objetivos sejam
            alcançados, são necessário vultosos investimentos,
            que - a curtíssimo prazo - não estão disponíveis.
            Por isso, os processos de privatização,
            acompanhados pela desregulamentação de alguns
            setores produtivos, do aumento da participação
            privada e de capital externos são tão importantes.
            Principalmente nos setores de desenvolvimento de
            infra-estrutura produtiva e de energia, que sofrem
            com os altíssimos custos e a ineficiência.
            A falta de investimentos em
            infra-estrutura de transporte e energia, nos últimos
            anos, tem causado a elevação dos custos dos
            processos produtivos e colocado em perigo o sucesso
            da estratégia de modernização industrial no
            Brasil. Por essa razão, o Banco Mundial propõe uma
            análise conjunta com as autoridades brasileiras de
            diferentes alternativas, que garantam a viabilidade
            financeira, não de apenas projetos individuais, mas
            também dos setores como um todo.
            Nesse contexto, o Banco daria
            suporte às reformas planejadas para melhorar a
            substrutura institucional, legal e política dos
            setores de infra-estrutura produtiva, fortalecendo a
            legislação tarifária e regulatória, e criando
            regras transparentes que garantam autonomia das
            operações do setor privado na infra-estrutura
            física e de energia. Como exemplos, podemos citar os
            casos da necessidade de se ajustar o preço das
            tarifas de energia aos níveis reais; da
            flexibilização dos monopólios; e da
            descentralização . Além disso, segundo o
            "Brazil Country Paper" elaborado pelo BID
            (GN-1897 - 5 October 95), existem aproximadamente 18
            projetos do setor elétrico paralisados (em vários
            estágios) por falta de financiamento, e que colocam
            a estratégia do governo de modernização do setor
            produtivo em xeque, incluindo aí, a possibilidade da
            necessidade de racionalização de energia. 
            Por isso, a estratégia do
            Banco Mundial no subsetor de eletricidade deve
            incluir também:
            
                - o fortalecimento das
                    instituições, com criação de novas
                    agências e reformas nas já existentes, a
                    fim de melhorar os atributos positivos que o
                    setor tem em áreas críticas de planejamento
                    de longo-prazo, como na engenharia,
                    construção e operação de sistemas
                    complexos, etc.;
 
                - empreendimentos que
                    busquem ações que melhorem o serviço
                    oferecido ao público; as políticas de
                    administração pessoal e financeira; e o
                    desenvolvimento de tecnologias mais
                    eficientes para a produção transporte e
                    marketing da energia;
 
                - projetos que contribuam à
                    prioridades específicas, como a
                    conservação de energia, redução das
                    perdas, diversificação da matriz
                    energética, privatização, aumento da
                    participação do setor privado na
                    mobilização de recursos e na operação de
                    concessões; e esforços para redução dos
                    preços (de entrada) através de recursos
                    financeiros.
 
            
            Atualmente, existem 37 projetos
            (e 22 para futura consideração) que já contam com
            o auxílio financeiro do Banco Mundial (IBRD/IDA),
            totalizando investimentos previstos (1995-1997) da
            ordem de US$M 6,100, sendo que apenas US$M 30.5 foram
            destinados para a área de energia: como no caso da
            construção do gasoduto Brasil-Bolívia; o Projeto
            Piloto de Biomassa, no Nordeste; o Projeto de
            Eficiência Energética; o projeto de Transporte de
            Hidrocarbonetos; o Projeto de Desenvolvimento do
            Setor de Gás; e o Projeto Hidrelétrico de Segredo
            da Cia. Paranaense de Energia-CEPEL (US$M 1.35). O
            Banco Mundial também está estendendo sua ajuda
            financeira à várias companhias de energia elétrica
            em conjunto com as linhas de crédito para pequenas e
            médias indústrias, através do BNDES. 
            C. Estudos de caso
            * (a desenvolver)
            
                - Projeto de
                    Reassentamento e Irrigação da UHE Itaparica
 
                - Gasoduto
                    Brasil-Bolívia
 
                - Usina Hidrelétrica de
                    Salto Caxias
 
                - Projeto Piloto de
                    Biomassa