Informe
Nacional Brasil: Parte IV
I. Visão de conjunto do
setor energético no Brasil
D. Potencial em matéria de
eficiência no uso da energia
Durante 50 anos o setor de suprimento dominou o
mercado de energia elétrica no Brasil como única
opção. Apenas nos últimos 15 anos, com a criação
do Programa de Conservação de Energia
Elétrica-PROCEL, surgiu uma outra opção ao
suprimento. Ela não é tão poderosa como o
suprimento pois está limitada a valores de 1% da
demanda por ano, enquanto o suprimento já atendeu,
no Brasil, crescimentos de 10% ao ano. Assim sendo, a
nova opção não veio para deslocar o novo
suprimento, mas apenas para reduzir a sua magnitude.
Estima-se que o PROCEL atingiu
um total de cerca de 1.970 GWh/ano devido a melhoria
de eficiência ou geração adicional de energia em
1996. Este resultado é 18% inferior a meta de 2.400
GWh/ano inicialmente previstos pelo PROCEL em 1996.
Considerando as ações cumulativas, o resultado
total é de cerca de 3.600 GWh/ano, valor equivalente
a 1,4% do consumo de eletricidade no Brasil no ano.
Os projetos referentes a geração adicional e
disponibilidade de energia representam 34%, os
projetos na área de uso final 59% e os projetos de
redução de perdas 7%. Nas áreas de uso final e de
redução de perdas, a estimativa de conservação
totaliza 2.360 GWh/ano a partir de 1996 equivale a
0,9% do consumo total anual de energia elétrica. O
resultado é cerca de 44% de economia a partir de
melhorias de eficiência em refrigeradores e
freezers, 22% a partir de melhorias de eficiência de
iluminação, 11% a partir de instalações de
medidores, 15% a partir de diagnósticos, estudos de
otimização e Prêmio PROCEL nas indústrias, 7% a
partir de projetos de motores, e 1% a partir de
programas de educação.
A conservação de energia
resultante das atividades do PROCEL vem crescendo
muito rapidamente. A estimativa de conservação em
1996 é 53% maior do que a de 1995, considerando as
ações tomadas anualmente. Outrosim, a conservação
a partir de ações em 1996 é quatro vezes superior
do que a estimativa de conservação para as ações
estimuladas pelo PROCEL em 1993. O aumento na
conservação de energia também é rápido quando se
considera as ações cumulativas do PROCEL, com um
fator de 2,5 entre 1993 e 1996. Esse rápido
crescimento em conservação de energia não é
surpreendente, se considerarmos o fato que o PROCEL
foi relativamente inativo durante 1990-1992, e que
cresceu decisivamente em termos de orçamento,
projetos, e influência a partir de 1993.
Partindo de um custo marginal
médio de US$ 2000/kW instalados (incluindo geração
e também os investimentos de T&D associados), as
ações cumulativas estimuladas pelo PROCEL,
incluindo 1996, já reduziram a necessidade de
investimentos pelo lado da oferta em cerca de US$
1,64 bilhões, considerando a capacidade evitada de
820 MW.
Considerando que a
ELETROBRÁS/PROCEL despendeu cerca de US$ 67 milhões
em eficiência energética e projetos relacionados
entre 1986-96, o retorno geral de despesas do PROCEL
foi de cerca de 24:1. Por outro lado, considerando a
contrapartida das concessionárias, o dispêndio
realizado foi de US$ 116 milhões em projetos de
eficiência energética e relacionados ao PROCEL
entre 1986-96. Assim, sob a ótica do setor
elétrico, o retorno global foi de cerca de 14:1.
Considerando apenas a economia de energia realizada
pelo PROCEL entre 1986-96, sem incluir as ações
realizadas em Balbina e Itaipu, a capacidade
instalada correspondente de 566 MW representa cerca
de US$ 1,1 bilhões em investimentos evitados no lado
da oferta.
Para o período de 1997-1998, o
Plano de Ações PROCEL/GCOI/CCON prevê uma economia
na ponta da ordem de 1.825 MW de potência (500 MW em
1997 e 1.325 em 1998) e de 3.424 GWh de energia
(1.058 GWh em 1997 e 2.366 GWh em 1998), a um custo
total estimado em cerca de US$ 840 milhões, assim
distribuídos:
· gerenciamento da demanda na baixa
tensão: instalação de 2 milhões de limitadores de
demanda com economia de 1000 MW de ponta, a um custo
de US$ 300milhões.
·
eficientização dos sistemas de iluminação
pública: substituição de 3 milhões de pontos
ineficientes visando economizar 350 MW de ponta e
1.533 GWh de energia, a um custo de US$ 216 milhões.
·substituição de lâmpadas
incandescentes: substituir 8 milhões de lâmpadas
visando uma economia de 222 MW de ponta e 511 GWh de
energia, a um custo de US$ 72 milhões.
·introdução de motores de alto
rendimento: viabilizar a introdução no mercado de
150 mil motores visando uma economia de 43 MW de
ponta e 138 GWh de energia, a um custo de US$ 18,9
milhões.
· aumento do mercado de refrigeradores
eficientes: viabilizar a introdução no mercado de
1,2 milhões de refrigeradores visando uma economia
de 20 MW de ponta e 242 GWh de energia, a um custo de
US$ 77 milhões.
· redução do desperdício de energia
elétrica em prédios públicos: eficientizar 2000
prédios visando uma economia de 190 MW de ponta e
1000 GWh de energia, com um custo de US$ 150
milhões.
E.
Temas ambientais e sociais
A produção e utilização de
combustíveis e de eletricidade marcaram
profundamente a reprodução da sociedade brasileira,
em sua recente transição do escravismo e da
Monarquia para o trabalho assalariado e a República.
Dentre os grupos sociais diretamente concernidos,
estão os trabalhadores de todas as etapas, desde as
obras pioneiras e montagens de instalações e
infra-estruturas, incluindo-se os operadores e
técnicos dos sistemas elétricos, os da produção,
processamento e transferência de petróleo e
derivados, os canavieiros e operários das
destilarias de álcool, os lenhadores e carvoeiros,
os mineiros de carvão. Nas mesmas estruturas
organizacionais, controladas por empresários e
dirigentes de empresas estatais e privadas,
participam também dos lucros e dos problemas os
proprietários de pequenos negócios, empreiteiros e
prestadores de serviços, além de fornecedores e de
grupos ou classes de clientes e consumidores destas
empresas.
Ao mesmo tempo, destacamos os
grupos sociais diretamente afetados pelo fato de
residirem e de se reproduzirem nas regiões e nas
localidades onde tais empreendimentos se implantaram;
e ainda, os grupos nas regiões e localidades que
foram escolhidas ou apenas cogitadas para sediar
ampliações e novos projetos dos setores
combustíveis e eletricidade. A seguir uma sinopse
destas várias situações.
As atuais regiões fornecedoras
de petróleo e de gás natural puderam viver surtos
de aumento de renda com a entrada e a presença de
grandes empresas, pilotadas pela estatal Petrobrás;
hoje recebem "royalties"(1) e
, em quase todos os casos, os orçamentos municipais
ficam completamente dependentes dos impostos cobrados
sobre a atividade petrolífera. Convivem cada vez
mais com os riscos e as alterações ambientais
típicas das tecnologias petrolífera e de
transportes; e perderam muitas terras, faixas de
domínio em terra e litorais cujos pontos turísticos
e históricos estão agora marcados pelo rítmo e
eventos próprios desta indústria, como os
incêndios e derramamentos(2) .
As chamadas regiões
sucro-alcooleiras também experimentaram os surtos de
investimentos dos anos 1970 e 80, facilitados pelo
Pró-Alcool e pelo crédito agrícola federal; mas,
veio junto a continuidade do processo de
expropriação e de acumulação primitiva,
resultando em violenta concentração de terras; a
especialização produtiva ampliou a superficie de
canaviais de dois milhões ha. no inicio do Proalcool
para os atuais 4,5 milhões, e com isto empurrou para
mais longe ou simplesmente aniquilou a produção de
subsistência, roças, pomares. São conhecidos os
casos no Norte de SP e na faixa litorânea
nordestina, e, em todas as zonas geográficas de
canaviais e usinas/destilarias, a sociedade convive
seis meses por ano com as queimadas dos canaviais e
com as emanações e lançamentos de vinhoto. O setor
sucro-alcooleiro tornou-se conhecido como empregador
de grandes contingentes de mão de obra infantil,
familiar, e feminina em tarefas penosas e insalubres,
durante jornadas muito longas, e com uma grande
maioria ainda sendo contratada por "gatos"
e por meio de subterfúgios que dificultam a
legalidade da relação salarial e o aumento real dos
salários.
As regiões carboníferas no
Brasil - quatro grupos de municípios, um no Paraná
(Figueiras- Alto Tibagi), um em Santa Catarina
(Criciúma), e dois no Rio Grande do Sul (baixo
Jacuí e Bagé) - vivem há quase uma década entre a
dureza da crise social e ambiental e a euforia
infundada de um novo "surto"que viria e
nunca vem.
Em 1990, após o
desmantelamento do suprimento de carvão metalurgico
nacional (alíquota zero de importação de carvão,
fechamento das minas deste tipo de carvão) - o
único surto possível seria sustentado pelo
suprimento de carvão-vapor para as centrais
termoelétricas de médio e grande porte
(ampliações das existentes: Jorge Lacerda-SC e
Candiota-RS, e unidades novas: Jacuí, RS)( 3).
Em toda a mineração de
carvão, mas principalmente nas lavras subterrâneas
(SC), a insalubridade e o risco ocupacional são a
regra. No extremo Sul, em Bagé, as evidências e as
reclamações sobre a poluição do ar e a acidez
atmosférica provêm também do lado uruguaio da
fronteira. No Sul catarinense, a herança do surto
carbonífero se mede em dezenas de milhares de
hectares perdidos, estéreis, esburacados, córregos,
rios e lençóis subterrâneos de água já
acidificados e com altos teores de metais pesados e
aquele cheiro permanente de hidrocarbonetos,
alcatrão e gases sulfurosos no ar.
As atuais localidades e
regiões onde se corta ou se coleta lenha para
combustível direto ou para carvoejamento, e para as
industrias de celulose e de aglomerados podem
testemunhar a violência social e ambiental da
expansão econômica. Isto tanto nos eixos mais
novos, em Mato Grosso, Rondônia, Tocantins,
Maranhão e Pará, como em áreas antigas e ainda
miseráveis como os vales do Jequitinhonha (MG e BA),
e do Ribeira do Iguape (SP-PR). Num caso, o
desmatamento é feito para extrair madeiras de lei, e
para o plantio, sendo o carvoejamento uma atividade
secundária, feita de forma praticamente irregular,
com mão de obra de empreiteiros e "gatos",
havendo inúmeros casos de trabalho forçado de
famílias inteiras, vivendo confinadas nas franjas
das matas e dos cerrados, sob o arbítrio dos
intermediários dos grandes fazendeiros e dos
compradores de carvão. Noutro caso, nos grandes
eucaliptais, o problema também existe, embora com
uma ou outra solução parcial na forma de agro-vilas
ou de pequenas cidades onde todos trabalham para uma
única grande empresa ( p.ex. Carbonita, em MG)(4).
Em ambos os casos, os trabalhadores convivem o tempo
todo com a fumaça, o calor, os gases de combustão,
os riscos do abate das árvores e dos incêndios.
Nas imediações e regiões
proximas das fábricas de celulose e das
siderúrgicas a carvão vegetal, a concentração
fundiária também se exarcebou, e há municípios em
MG e no ES com mais da metade, alguns com quase a
totalidade de sua área territorial coberta com
eucaliptais. As superficies totais de eucaliptais,
pinheirais e outras especies replantadas estão na
faixa de 8 a 10 milhões de hectares, dos quais se
abate cerca de um milhão de hectares por ano(5).
As usinas hidrelétricas
construídas até hoje resultaram em mais de 30.000
km2 de terras inundadas para a formação
dos reservatórios, e na expulsão - ou,
"deslocamento compulsório" - de cerca de
200 mil famílias, todas elas populações
ribeirinhas diretamente atingidas No relacionamento
das empresas com estas populações, prevaleceu a
estratégia do "fato consumado"
praticamente em todos os empreendimentos: a
alternativa hidrelétrica era apresentada como uma
fonte energética "limpa, renovável e
barata", e cada projeto era justificado em nome
do interesse público e do progresso; o fato é que
as populações ribeirinhas tiveram violentadas as
suas bases materiais e culturais de existência. As
obras promoveram o deslocamento forçado destas
populações, acompanhado por compensações
financeiras irrisórias ou inexistentes; o processo
de reassentamento, quando houve, não assegurou a
manutenção das condições de vida anteriormente
existentes. Na área das barragens ocorreram diversos
problemas de saúde pública, como o aumento de
doenças de natureza endêmica, o comprometimento da
qualidade da água nos reservatórios, afetando
atividades como pesca e agricultura; e, problemas de
segurança das populações, com o aumento dos riscos
de inundação abaixo dos reservatórios, decorrentes
de problemas de operação. Ainda, grandes
quantidades de terras cultiváveis ficaram submersas
e, em muitos casos, a perda da biodiversidade foi
irreversível.
O acesso e a garantia de posse
das terras agrícolas encontrou nos movimentos das
populações atingidas pelos empreendimentos
hidrelétricos um eixo central de articulação. A
obra de Itaipu com mais de 40 mil pessoas atingidas,
a rejeição do projeto de Capanema e a criação do
MASTRO-Movimento dos Agricultores Sem Terras do Oeste
Paranaense no final dos anos setenta, representam a
gênese deste processo, ampliado, nesta mesma época
pela criação, na região fronteiriça RS-SC, da
CRAB-Comissão Regional de Atingidos pelas Barragens
do Rio Uruguai. A atuação do MAB - Movimento
Nacional de Atingidos por Barragens, evidencia que os
problemas, os ressarcimentos, as dívidas e os riscos
de comprometimento ambiental apenas se ampliaram(6).
Desigualdades
sócio-economicas a reduzir
As desigualdades
sócio-economicas hoje existentes foram ampliadas
pelo modelo economico e político das últimas duas
décadas. A participação dos 50% mais pobres na
renda nacional caiu de 14,5 % em 1981 para 12,9% em
1993; os 10% mais ricos aumentaram a participação
de 44,9% para 49% no mesmo período; em 1993, 15,5 %
da renda nacional estava concentrada nos 1% mais
ricos(7) .
O setor energético brasileiro
contribui para a manutenção destas desigualdades
pois tem demonstrado ser lucrativo, mas não
redistribuidor de renda; pelo contrário, seus
mecanismos de apropriação de rendas agravam a
concentração, através de diversos expedientes. Por
exemplo, através da drenagem de recursos, ao
permitir que o setor se descapitalize, em benefício
de outros, indicando um violento processo de
privatização do Estado. A importância economica e
política dos grupos financeiros envolvendo
empreiteiras, empresas fabricantes de bens e
equipamentos, empresas de serviços - desde a
consultoria até a terceirização - tem sido o
aspecto mais revelador desta articulação de
interesses que, com frequência, também representou
fraudes, super-faturamentos de obras e serviços, e
atos de corrupção, sempre apontados mas
dificilmente apurados. Ou ainda, através da
transferência de rendas proporcionadas pelas
políticas tarifárias: o setor elétrico brasileiro
aumentou o seu faturamento, passando de 9,5 bilhões
US$ em 1990 para 15 bilhões US$ em 1995; ao mesmo
tempo, decresceu a participação das empresas
grandes consumidoras de eletricidade no faturamento
das empresas elétricas, o que indica provavelmente
que estejam sendo de alguma maneira financiadas pelos
demais consumidores(8). Além desta transferência de rendas
entre classes de consumidores atendidos pelas
empresas, há um processo de exclusão social
representado pela existência, em 1991, de 4,35
milhões de domicílios não eletrificados e de
outros 4,84 milhões de domicílios que só têm
acesso a energia elétrica através de ligações
clandestinas, ou, em alguns casos, como
auto-produtores, usando baterias automotivas e
geradores diesel, por exemplo(9).
Também na repartição de
renda internamente às empresas do setor energético,
a proporção das massas salariais nos custos totais
é pequena, pois os empreendimentos mais modernos,
como o petróleo e a eletricidade, são do tipo
capital-intensivo e, nos mais intensivos em mão de
obra, como o álcool e o carvão vegetal, os
salários são muito baixos, e os encargos e
contribuições são sistematicamente subregistrados.
O setor petróleo empregava, em
final de 1992, 51,l mil funcionários na matriz, para
um total de 88 mil trabalhadores nas prestadoras de
serviços(10). Do pessoal próprio em setembro de
1994, 50,7 mil trabalhavam na perfuração, 21,7 mil
na produção, e mais 17,6 mil no refino e
comercialização. O custo do pessoal próprio fica
na faixa de 12% tanto para o custo do barril
extraído, como para a proporção entre o montante
da remuneração de pessoal e o faturamento total da
empresa(11). Considerando-se
o pessoal das distribuidoras de derivados (210 mil),
dos transportes (17 mil) e dos postos de serviço (76
mil), mais 300 mil pessoas trabalham neste circuito(12).
As empresas do setor elétrico
empregavam em 1990, 211 mil funcionários, reduzindo
para 171 mil em 1995 enquanto que o dispêndio com
pessoal está hoje, na faixa de 7-10% do faturamento
total das empresas que vendem eletricidade(13).
Tanto neste setor como na Petrobrás, a diminuição
dos efetivos próprios implicou também numa maior
proporção de homens-horas contratados de terceiros
- em condições geralmente piores de trabalho e
remuneração do que o pessoal próprio.
Na agro-indústria do açúcar
e álcool, contam-se mais de 400 usinas e
destilarias, com 120 mil operários; na etapa
agrícola e colheita da cana, estimamos, para o
Estado de São Paulo, em 400 a 500 mil trabalhadores
rurais temporários, e em todos os canaviais
brasileiros, um contingente da ordem de 1,2 milhões
trabalhadores. Os índices de rendimento agrícola
estão na faixa de 60 a 90 toneladas de cana colhida
por ha e a produtividade física dos canavieiros
está na faixa de 2,5 toneladas colhidas por
homem-dia (cana crua) a 6,5 ton/dia (cana queimada)(14).
No caso dos lenhadores ,
carvoeiros e demais trabalhadores dos eucaliptais e
matas nativas, mesmo para o universo restrito das
empresas associadas da ABRACAVE, que talvez atinjam
metade da economia carvoeira atual, registram-se
tendências de redução de mão de obra declarada
nas matas nativas (de 132 mil para 64 mil pessoas
entre 1989 e 1994) e um contingente estável, de 50 a
60 mil trabalhadores nos eucaliptais e carvoejamentos
das empresas reflorestadoras. Para se ter uma idéia
de como o carvoejamento de eucalipto pode ser
lucrativo, um caso pesquisado no noroeste de MG
aponta, numa gleba de 300 mil m3 de lenha em
pé, para ser cortada durante dois anos, um lucro de
meio milhão de dólares, correspondendo a 24 % do
preço do carvão na praça de fornos e, ao mesmo
tempo, um custo de mão de obra equivalente a 15% do
faturamento total, empregando-se cerca de 200
pessoas, com salários na faixa de 90 a 200 dólares
mensais(15).
No caso do carvão mineral, o
problema maior é o desemprego em SC, pois desde o
início desta década, os mineiros passaram de 30 mil
para a faixa de 4 mil trabalhadores(16).
Notas
(1) PETROBRÁS/SERPLAN
-"Contribuição da Petrobrás para o
desenvolvimento do país". Rio de Janeiro,
1993, 42 p.
(2) FERREIRA, Leda
& IGUTI, Aparecida M. - "O trabalho dos
petroleiros: perigoso, complexo, contínuo e coletivo".
São Paulo, Federação Única dos Petroleiros/
Prefeitura Municipal de Santos/ Editora Scritta,
l996, l48 p.
(3) SEVÁ Fo,
A .O .- " Carvão mineral, Siderurgia e
Termeletricidade: a prolongada agonia do Sul
catarinense - situação em julho de 1994". In: Relatório
de pesquisa, FEM/Unicamp, 1994.
(4) SEVÁ Fo,
A. O.- "Carvão vegetal e a indústria de Minas
Gerais: resumo da situação recente e comentários
sobre as perspectivas". Informe técnico
para a direção nacional do Partido dos
Trabalhadores ("Caravana Jequitinhonha").
Campinas, setembro/95, 7 p.
(5) MEDEIROS, Josemar
X. -"Energia renovável na siderurgia. Análise
sócio-econômica e ambiental da produção e
utilização de carvão vegetal nos altos fornos de
Minas Gerais no início da década de 1990". Tese
de Doutoramento, Planejamento de Sistemas
Energéticos/ FEM/ Unicamp, abril 1995, 166 p.+
Anexos.
(6) Magalhães, Sonia
B. - "Campesinato e hidrelétricas: uma visão
sobre o 1o Encontro Nacional de
Trabalhadores Atingidos por Barragens" In:
VIANNA, Aurélio (org.) - Hidrelétricas,
progresso e meio ambiente. Rio de Janeiro, CEDI,
1991, 68 p.
A este respeito ver
também ALVES, Francisco J. C. - "Balanço das
lutas sociais no campo na década de 1980" In:
OLIVEIRA, MATTOSO e outros ( orgs.) - O Mundo do
Trabalho. Crise e mudança no final do século .
São Paulo, CESIT/ Unicamp, projeto MTB/ PNUD, Ed.
Scritta, l994, pp. 425-458.
Ver também BERMANN,
Célio - "Self-managed resettlement: case study
of the Itá dam in Southern Brazil" In: Proceedings
of International Conference: "Hidropower in the
next century". Barcelona, junho/1995, pp.
149-158.
(7) Boletim Dieese
(14:178), dezembro/1995.
(8) Os dados
referentes à distribuição das ligações
elétricas por grupos tarifários indicam que as
ligações em alta-tensão passaram de 44,3% (92)
para 40,3% (95) na participação da receita do
setor. Os privilégios tarifários se explicitam com
os subsídios concedidos para alguns setores
produtivos, à título de incentivo à exportação.
(9) BERMANN, Célio -
"Política energética e emissões de CO2 ".
Relatório do Projeto "Perspectivas
Norte-Sul de Sustentabilidade". Rio de Janeiro,
FASE/Friends of the Earth, 1996.
O acesso à rede
elétrica é mais crítico nas áreas rurais, onde
3,7 milhões de domicílios não estão
eletrificados. Se consideramos os 644 mil domicílios
urbanos sem eletricidade, são 20,4 milhões de
habitantes ainda privados da eletricidade.
(10) Ver ref.
bibliogr. da nota (1).
(11) PETROBRÁS -
"Caderno DIPRO/ DICOP/SEPRO-versão
oficial 02 - set. 94", 1994, 48 p.
(12) ARAÚJO, Adiel G.
"A exploração no Brasil. Estudo de caso do
roubo da produtividade dos petroleiros e da
rentabilidade da Petrobrás". Monografia.
Curitiba, dezembro/ 1991, 20 p.
(13) ELETROBRÁS-SIESE
- Boletim Trimestral-síntese 1995. Os dados de
dispêndio com pessoal são referentes às
concessionárias do Estado de São Paulo. Em algumas
empresas distribuidoras de várias regiões do país,
a folha de pagamento alcança a faixa de 25-30% da
receita. Ver a respeito ROSA, Luiz Pinguelli e SENRA,
Paulo M. A. "Participação privada na
expansão do setor elétrico ou venda de empresas
públicas?" , COPPE/ UFRJ, Rio de Janeiro,
1995. 218 p.
(14) EID, Farid &
SCOPINHO, Rosemeire - "Estratégias de gestão e
ideologia na agro-indústria sucroalcooleira da
região de Ribeirão Preto". In: Anais do XV
ENEGEP- Congresso Brasileiro de Engenharia de
Produção. São Carlos, setembro/1995, pp.
727-730.
A este respeito ver
também ALVES, Francisco J.C. - "Novo padrão
tecnológico na produção sucroalcooleira e os
atores sociais: algumas notas sobre a introdução do
corte da cana crua". In: Anais do XV
ENEGEP- Congresso Brasileiro de Engenharia de
Produção. São Carlos, setembro/1995, pp.
l004-l007.
(15) Ver ref.
bibliogr. da nota (5). Ver também
ABRACAVE-Associação Brasileira de Florestas
Renováveis - Anuário Estatístico/ Statistical
Yearbook 1995. Belo Horizonte, l8 p.
(16) ver ref.
bibliogr. da nota (3).