Informe
            Nacional Brasil: Parte IV
            I. Visão de conjunto do
            setor energético no Brasil
            D. Potencial em matéria de
            eficiência no uso da energia
            
            Durante 50 anos o setor de suprimento dominou o
            mercado de energia elétrica no Brasil como única
            opção. Apenas nos últimos 15 anos, com a criação
            do Programa de Conservação de Energia
            Elétrica-PROCEL, surgiu uma outra opção ao
            suprimento. Ela não é tão poderosa como o
            suprimento pois está limitada a valores de 1% da
            demanda por ano, enquanto o suprimento já atendeu,
            no Brasil, crescimentos de 10% ao ano. Assim sendo, a
            nova opção não veio para deslocar o novo
            suprimento, mas apenas para reduzir a sua magnitude.
            Estima-se que o PROCEL atingiu
            um total de cerca de 1.970 GWh/ano devido a melhoria
            de eficiência ou geração adicional de energia em
            1996. Este resultado é 18% inferior a meta de 2.400
            GWh/ano inicialmente previstos pelo PROCEL em 1996.
            Considerando as ações cumulativas, o resultado
            total é de cerca de 3.600 GWh/ano, valor equivalente
            a 1,4% do consumo de eletricidade no Brasil no ano.
            Os projetos referentes a geração adicional e
            disponibilidade de energia representam 34%, os
            projetos na área de uso final 59% e os projetos de
            redução de perdas 7%. Nas áreas de uso final e de
            redução de perdas, a estimativa de conservação
            totaliza 2.360 GWh/ano a partir de 1996 equivale a
            0,9% do consumo total anual de energia elétrica. O
            resultado é cerca de 44% de economia a partir de
            melhorias de eficiência em refrigeradores e
            freezers, 22% a partir de melhorias de eficiência de
            iluminação, 11% a partir de instalações de
            medidores, 15% a partir de diagnósticos, estudos de
            otimização e Prêmio PROCEL nas indústrias, 7% a
            partir de projetos de motores, e 1% a partir de
            programas de educação.
            A conservação de energia
            resultante das atividades do PROCEL vem crescendo
            muito rapidamente. A estimativa de conservação em
            1996 é 53% maior do que a de 1995, considerando as
            ações tomadas anualmente. Outrosim, a conservação
            a partir de ações em 1996 é quatro vezes superior
            do que a estimativa de conservação para as ações
            estimuladas pelo PROCEL em 1993. O aumento na
            conservação de energia também é rápido quando se
            considera as ações cumulativas do PROCEL, com um
            fator de 2,5 entre 1993 e 1996. Esse rápido
            crescimento em conservação de energia não é
            surpreendente, se considerarmos o fato que o PROCEL
            foi relativamente inativo durante 1990-1992, e que
            cresceu decisivamente em termos de orçamento,
            projetos, e influência a partir de 1993.
            Partindo de um custo marginal
            médio de US$ 2000/kW instalados (incluindo geração
            e também os investimentos de T&D associados), as
            ações cumulativas estimuladas pelo PROCEL,
            incluindo 1996, já reduziram a necessidade de
            investimentos pelo lado da oferta em cerca de US$
            1,64 bilhões, considerando a capacidade evitada de
            820 MW. 
            Considerando que a
            ELETROBRÁS/PROCEL despendeu cerca de US$ 67 milhões
            em eficiência energética e projetos relacionados
            entre 1986-96, o retorno geral de despesas do PROCEL
            foi de cerca de 24:1. Por outro lado, considerando a
            contrapartida das concessionárias, o dispêndio
            realizado foi de US$ 116 milhões em projetos de
            eficiência energética e relacionados ao PROCEL
            entre 1986-96. Assim, sob a ótica do setor
            elétrico, o retorno global foi de cerca de 14:1.
            Considerando apenas a economia de energia realizada
            pelo PROCEL entre 1986-96, sem incluir as ações
            realizadas em Balbina e Itaipu, a capacidade
            instalada correspondente de 566 MW representa cerca
            de US$ 1,1 bilhões em investimentos evitados no lado
            da oferta.
            Para o período de 1997-1998, o
            Plano de Ações PROCEL/GCOI/CCON prevê uma economia
            na ponta da ordem de 1.825 MW de potência (500 MW em
            1997 e 1.325 em 1998) e de 3.424 GWh de energia
            (1.058 GWh em 1997 e 2.366 GWh em 1998), a um custo
            total estimado em cerca de US$ 840 milhões, assim
            distribuídos:
            · gerenciamento da demanda na baixa
            tensão: instalação de 2 milhões de limitadores de
            demanda com economia de 1000 MW de ponta, a um custo
            de US$ 300milhões.
            ·
            eficientização dos sistemas de iluminação
            pública: substituição de 3 milhões de pontos
            ineficientes visando economizar 350 MW de ponta e
            1.533 GWh de energia, a um custo de US$ 216 milhões.
            ·substituição de lâmpadas
            incandescentes: substituir 8 milhões de lâmpadas
            visando uma economia de 222 MW de ponta e 511 GWh de
            energia, a um custo de US$ 72 milhões.
            ·introdução de motores de alto
            rendimento: viabilizar a introdução no mercado de
            150 mil motores visando uma economia de 43 MW de
            ponta e 138 GWh de energia, a um custo de US$ 18,9
            milhões.
            · aumento do mercado de refrigeradores
            eficientes: viabilizar a introdução no mercado de
            1,2 milhões de refrigeradores visando uma economia
            de 20 MW de ponta e 242 GWh de energia, a um custo de
            US$ 77 milhões.
            · redução do desperdício de energia
            elétrica em prédios públicos: eficientizar 2000
            prédios visando uma economia de 190 MW de ponta e
            1000 GWh de energia, com um custo de US$ 150
            milhões.
        
        
            E.
            Temas ambientais e sociais 
            A produção e utilização de
            combustíveis e de eletricidade marcaram
            profundamente a reprodução da sociedade brasileira,
            em sua recente transição do escravismo e da
            Monarquia para o trabalho assalariado e a República.
            Dentre os grupos sociais diretamente concernidos,
            estão os trabalhadores de todas as etapas, desde as
            obras pioneiras e montagens de instalações e
            infra-estruturas, incluindo-se os operadores e
            técnicos dos sistemas elétricos, os da produção,
            processamento e transferência de petróleo e
            derivados, os canavieiros e operários das
            destilarias de álcool, os lenhadores e carvoeiros,
            os mineiros de carvão. Nas mesmas estruturas
            organizacionais, controladas por empresários e
            dirigentes de empresas estatais e privadas,
            participam também dos lucros e dos problemas os
            proprietários de pequenos negócios, empreiteiros e
            prestadores de serviços, além de fornecedores e de
            grupos ou classes de clientes e consumidores destas
            empresas.
            Ao mesmo tempo, destacamos os
            grupos sociais diretamente afetados pelo fato de
            residirem e de se reproduzirem nas regiões e nas
            localidades onde tais empreendimentos se implantaram;
            e ainda, os grupos nas regiões e localidades que
            foram escolhidas ou apenas cogitadas para sediar
            ampliações e novos projetos dos setores
            combustíveis e eletricidade. A seguir uma sinopse
            destas várias situações.
            As atuais regiões fornecedoras
            de petróleo e de gás natural puderam viver surtos
            de aumento de renda com a entrada e a presença de
            grandes empresas, pilotadas pela estatal Petrobrás;
            hoje recebem "royalties"(1) e
            , em quase todos os casos, os orçamentos municipais
            ficam completamente dependentes dos impostos cobrados
            sobre a atividade petrolífera. Convivem cada vez
            mais com os riscos e as alterações ambientais
            típicas das tecnologias petrolífera e de
            transportes; e perderam muitas terras, faixas de
            domínio em terra e litorais cujos pontos turísticos
            e históricos estão agora marcados pelo rítmo e
            eventos próprios desta indústria, como os
            incêndios e derramamentos(2) .
            As chamadas regiões
            sucro-alcooleiras também experimentaram os surtos de
            investimentos dos anos 1970 e 80, facilitados pelo
            Pró-Alcool e pelo crédito agrícola federal; mas,
            veio junto a continuidade do processo de
            expropriação e de acumulação primitiva,
            resultando em violenta concentração de terras; a
            especialização produtiva ampliou a superficie de
            canaviais de dois milhões ha. no inicio do Proalcool
            para os atuais 4,5 milhões, e com isto empurrou para
            mais longe ou simplesmente aniquilou a produção de
            subsistência, roças, pomares. São conhecidos os
            casos no Norte de SP e na faixa litorânea
            nordestina, e, em todas as zonas geográficas de
            canaviais e usinas/destilarias, a sociedade convive
            seis meses por ano com as queimadas dos canaviais e
            com as emanações e lançamentos de vinhoto. O setor
            sucro-alcooleiro tornou-se conhecido como empregador
            de grandes contingentes de mão de obra infantil,
            familiar, e feminina em tarefas penosas e insalubres,
            durante jornadas muito longas, e com uma grande
            maioria ainda sendo contratada por "gatos"
            e por meio de subterfúgios que dificultam a
            legalidade da relação salarial e o aumento real dos
            salários.
            As regiões carboníferas no
            Brasil - quatro grupos de municípios, um no Paraná
            (Figueiras- Alto Tibagi), um em Santa Catarina
            (Criciúma), e dois no Rio Grande do Sul (baixo
            Jacuí e Bagé) - vivem há quase uma década entre a
            dureza da crise social e ambiental e a euforia
            infundada de um novo "surto"que viria e
            nunca vem. 
            Em 1990, após o
            desmantelamento do suprimento de carvão metalurgico
            nacional (alíquota zero de importação de carvão,
            fechamento das minas deste tipo de carvão) - o
            único surto possível seria sustentado pelo
            suprimento de carvão-vapor para as centrais
            termoelétricas de médio e grande porte
            (ampliações das existentes: Jorge Lacerda-SC e
            Candiota-RS, e unidades novas: Jacuí, RS)( 3).
            Em toda a mineração de
            carvão, mas principalmente nas lavras subterrâneas
            (SC), a insalubridade e o risco ocupacional são a
            regra. No extremo Sul, em Bagé, as evidências e as
            reclamações sobre a poluição do ar e a acidez
            atmosférica provêm também do lado uruguaio da
            fronteira. No Sul catarinense, a herança do surto
            carbonífero se mede em dezenas de milhares de
            hectares perdidos, estéreis, esburacados, córregos,
            rios e lençóis subterrâneos de água já
            acidificados e com altos teores de metais pesados e
            aquele cheiro permanente de hidrocarbonetos,
            alcatrão e gases sulfurosos no ar.
            As atuais localidades e
            regiões onde se corta ou se coleta lenha para
            combustível direto ou para carvoejamento, e para as
            industrias de celulose e de aglomerados podem
            testemunhar a violência social e ambiental da
            expansão econômica. Isto tanto nos eixos mais
            novos, em Mato Grosso, Rondônia, Tocantins,
            Maranhão e Pará, como em áreas antigas e ainda
            miseráveis como os vales do Jequitinhonha (MG e BA),
            e do Ribeira do Iguape (SP-PR). Num caso, o
            desmatamento é feito para extrair madeiras de lei, e
            para o plantio, sendo o carvoejamento uma atividade
            secundária, feita de forma praticamente irregular,
            com mão de obra de empreiteiros e "gatos",
            havendo inúmeros casos de trabalho forçado de
            famílias inteiras, vivendo confinadas nas franjas
            das matas e dos cerrados, sob o arbítrio dos
            intermediários dos grandes fazendeiros e dos
            compradores de carvão. Noutro caso, nos grandes
            eucaliptais, o problema também existe, embora com
            uma ou outra solução parcial na forma de agro-vilas
            ou de pequenas cidades onde todos trabalham para uma
            única grande empresa ( p.ex. Carbonita, em MG)(4).
            Em ambos os casos, os trabalhadores convivem o tempo
            todo com a fumaça, o calor, os gases de combustão,
            os riscos do abate das árvores e dos incêndios.
            Nas imediações e regiões
            proximas das fábricas de celulose e das
            siderúrgicas a carvão vegetal, a concentração
            fundiária também se exarcebou, e há municípios em
            MG e no ES com mais da metade, alguns com quase a
            totalidade de sua área territorial coberta com
            eucaliptais. As superficies totais de eucaliptais,
            pinheirais e outras especies replantadas estão na
            faixa de 8 a 10 milhões de hectares, dos quais se
            abate cerca de um milhão de hectares por ano(5).
            As usinas hidrelétricas
            construídas até hoje resultaram em mais de 30.000
            km2 de terras inundadas para a formação
            dos reservatórios, e na expulsão - ou,
            "deslocamento compulsório" - de cerca de
            200 mil famílias, todas elas populações
            ribeirinhas diretamente atingidas No relacionamento
            das empresas com estas populações, prevaleceu a
            estratégia do "fato consumado"
            praticamente em todos os empreendimentos: a
            alternativa hidrelétrica era apresentada como uma
            fonte energética "limpa, renovável e
            barata", e cada projeto era justificado em nome
            do interesse público e do progresso; o fato é que
            as populações ribeirinhas tiveram violentadas as
            suas bases materiais e culturais de existência. As
            obras promoveram o deslocamento forçado destas
            populações, acompanhado por compensações
            financeiras irrisórias ou inexistentes; o processo
            de reassentamento, quando houve, não assegurou a
            manutenção das condições de vida anteriormente
            existentes. Na área das barragens ocorreram diversos
            problemas de saúde pública, como o aumento de
            doenças de natureza endêmica, o comprometimento da
            qualidade da água nos reservatórios, afetando
            atividades como pesca e agricultura; e, problemas de
            segurança das populações, com o aumento dos riscos
            de inundação abaixo dos reservatórios, decorrentes
            de problemas de operação. Ainda, grandes
            quantidades de terras cultiváveis ficaram submersas
            e, em muitos casos, a perda da biodiversidade foi
            irreversível.
            O acesso e a garantia de posse
            das terras agrícolas encontrou nos movimentos das
            populações atingidas pelos empreendimentos
            hidrelétricos um eixo central de articulação. A
            obra de Itaipu com mais de 40 mil pessoas atingidas,
            a rejeição do projeto de Capanema e a criação do
            MASTRO-Movimento dos Agricultores Sem Terras do Oeste
            Paranaense no final dos anos setenta, representam a
            gênese deste processo, ampliado, nesta mesma época
            pela criação, na região fronteiriça RS-SC, da
            CRAB-Comissão Regional de Atingidos pelas Barragens
            do Rio Uruguai. A atuação do MAB - Movimento
            Nacional de Atingidos por Barragens, evidencia que os
            problemas, os ressarcimentos, as dívidas e os riscos
            de comprometimento ambiental apenas se ampliaram(6).
            Desigualdades
            sócio-economicas a reduzir
            As desigualdades
            sócio-economicas hoje existentes foram ampliadas
            pelo modelo economico e político das últimas duas
            décadas. A participação dos 50% mais pobres na
            renda nacional caiu de 14,5 % em 1981 para 12,9% em
            1993; os 10% mais ricos aumentaram a participação
            de 44,9% para 49% no mesmo período; em 1993, 15,5 %
            da renda nacional estava concentrada nos 1% mais
            ricos(7) .
            O setor energético brasileiro
            contribui para a manutenção destas desigualdades
            pois tem demonstrado ser lucrativo, mas não
            redistribuidor de renda; pelo contrário, seus
            mecanismos de apropriação de rendas agravam a
            concentração, através de diversos expedientes. Por
            exemplo, através da drenagem de recursos, ao
            permitir que o setor se descapitalize, em benefício
            de outros, indicando um violento processo de
            privatização do Estado. A importância economica e
            política dos grupos financeiros envolvendo
            empreiteiras, empresas fabricantes de bens e
            equipamentos, empresas de serviços - desde a
            consultoria até a terceirização - tem sido o
            aspecto mais revelador desta articulação de
            interesses que, com frequência, também representou
            fraudes, super-faturamentos de obras e serviços, e
            atos de corrupção, sempre apontados mas
            dificilmente apurados. Ou ainda, através da
            transferência de rendas proporcionadas pelas
            políticas tarifárias: o setor elétrico brasileiro
            aumentou o seu faturamento, passando de 9,5 bilhões
            US$ em 1990 para 15 bilhões US$ em 1995; ao mesmo
            tempo, decresceu a participação das empresas
            grandes consumidoras de eletricidade no faturamento
            das empresas elétricas, o que indica provavelmente
            que estejam sendo de alguma maneira financiadas pelos
            demais consumidores(8). Além desta transferência de rendas
            entre classes de consumidores atendidos pelas
            empresas, há um processo de exclusão social
            representado pela existência, em 1991, de 4,35
            milhões de domicílios não eletrificados e de
            outros 4,84 milhões de domicílios que só têm
            acesso a energia elétrica através de ligações
            clandestinas, ou, em alguns casos, como
            auto-produtores, usando baterias automotivas e
            geradores diesel, por exemplo(9).
            Também na repartição de
            renda internamente às empresas do setor energético,
            a proporção das massas salariais nos custos totais
            é pequena, pois os empreendimentos mais modernos,
            como o petróleo e a eletricidade, são do tipo
            capital-intensivo e, nos mais intensivos em mão de
            obra, como o álcool e o carvão vegetal, os
            salários são muito baixos, e os encargos e
            contribuições são sistematicamente subregistrados.
            O setor petróleo empregava, em
            final de 1992, 51,l mil funcionários na matriz, para
            um total de 88 mil trabalhadores nas prestadoras de
            serviços(10). Do pessoal próprio em setembro de
            1994, 50,7 mil trabalhavam na perfuração, 21,7 mil
            na produção, e mais 17,6 mil no refino e
            comercialização. O custo do pessoal próprio fica
            na faixa de 12% tanto para o custo do barril
            extraído, como para a proporção entre o montante
            da remuneração de pessoal e o faturamento total da
            empresa(11). Considerando-se
            o pessoal das distribuidoras de derivados (210 mil),
            dos transportes (17 mil) e dos postos de serviço (76
            mil), mais 300 mil pessoas trabalham neste circuito(12).
            As empresas do setor elétrico
            empregavam em 1990, 211 mil funcionários, reduzindo
            para 171 mil em 1995 enquanto que o dispêndio com
            pessoal está hoje, na faixa de 7-10% do faturamento
            total das empresas que vendem eletricidade(13).
            Tanto neste setor como na Petrobrás, a diminuição
            dos efetivos próprios implicou também numa maior
            proporção de homens-horas contratados de terceiros
            - em condições geralmente piores de trabalho e
            remuneração do que o pessoal próprio.
            Na agro-indústria do açúcar
            e álcool, contam-se mais de 400 usinas e
            destilarias, com 120 mil operários; na etapa
            agrícola e colheita da cana, estimamos, para o
            Estado de São Paulo, em 400 a 500 mil trabalhadores
            rurais temporários, e em todos os canaviais
            brasileiros, um contingente da ordem de 1,2 milhões
            trabalhadores. Os índices de rendimento agrícola
            estão na faixa de 60 a 90 toneladas de cana colhida
            por ha e a produtividade física dos canavieiros
            está na faixa de 2,5 toneladas colhidas por
            homem-dia (cana crua) a 6,5 ton/dia (cana queimada)(14).
            No caso dos lenhadores ,
            carvoeiros e demais trabalhadores dos eucaliptais e
            matas nativas, mesmo para o universo restrito das
            empresas associadas da ABRACAVE, que talvez atinjam
            metade da economia carvoeira atual, registram-se
            tendências de redução de mão de obra declarada
            nas matas nativas (de 132 mil para 64 mil pessoas
            entre 1989 e 1994) e um contingente estável, de 50 a
            60 mil trabalhadores nos eucaliptais e carvoejamentos
            das empresas reflorestadoras. Para se ter uma idéia
            de como o carvoejamento de eucalipto pode ser
            lucrativo, um caso pesquisado no noroeste de MG
            aponta, numa gleba de 300 mil m3 de lenha em
            pé, para ser cortada durante dois anos, um lucro de
            meio milhão de dólares, correspondendo a 24 % do
            preço do carvão na praça de fornos e, ao mesmo
            tempo, um custo de mão de obra equivalente a 15% do
            faturamento total, empregando-se cerca de 200
            pessoas, com salários na faixa de 90 a 200 dólares
            mensais(15).
            No caso do carvão mineral, o
            problema maior é o desemprego em SC, pois desde o
            início desta década, os mineiros passaram de 30 mil
            para a faixa de 4 mil trabalhadores(16).
            Notas
            (1) PETROBRÁS/SERPLAN
            -"Contribuição da Petrobrás para o
            desenvolvimento do país". Rio de Janeiro,
            1993, 42 p.
            (2) FERREIRA, Leda
            & IGUTI, Aparecida M. - "O trabalho dos
            petroleiros: perigoso, complexo, contínuo e coletivo".
            São Paulo, Federação Única dos Petroleiros/
            Prefeitura Municipal de Santos/ Editora Scritta,
            l996, l48 p.
            (3) SEVÁ Fo,
            A .O .- " Carvão mineral, Siderurgia e
            Termeletricidade: a prolongada agonia do Sul
            catarinense - situação em julho de 1994". In: Relatório
            de pesquisa, FEM/Unicamp, 1994.
            (4) SEVÁ Fo,
            A. O.- "Carvão vegetal e a indústria de Minas
            Gerais: resumo da situação recente e comentários
            sobre as perspectivas". Informe técnico
            para a direção nacional do Partido dos
            Trabalhadores ("Caravana Jequitinhonha").
            Campinas, setembro/95, 7 p.
            (5) MEDEIROS, Josemar
            X. -"Energia renovável na siderurgia. Análise
            sócio-econômica e ambiental da produção e
            utilização de carvão vegetal nos altos fornos de
            Minas Gerais no início da década de 1990". Tese
            de Doutoramento, Planejamento de Sistemas
            Energéticos/ FEM/ Unicamp, abril 1995, 166 p.+
            Anexos.
            (6) Magalhães, Sonia
            B. - "Campesinato e hidrelétricas: uma visão
            sobre o 1o Encontro Nacional de
            Trabalhadores Atingidos por Barragens" In:
            VIANNA, Aurélio (org.) - Hidrelétricas,
            progresso e meio ambiente. Rio de Janeiro, CEDI,
            1991, 68 p.
            A este respeito ver
            também ALVES, Francisco J. C. - "Balanço das
            lutas sociais no campo na década de 1980" In:
            OLIVEIRA, MATTOSO e outros ( orgs.) - O Mundo do
            Trabalho. Crise e mudança no final do século .
            São Paulo, CESIT/ Unicamp, projeto MTB/ PNUD, Ed.
            Scritta, l994, pp. 425-458.
            Ver também BERMANN,
            Célio - "Self-managed resettlement: case study
            of the Itá dam in Southern Brazil" In: Proceedings
            of International Conference: "Hidropower in the
            next century". Barcelona, junho/1995, pp.
            149-158.
            (7) Boletim Dieese
            (14:178), dezembro/1995.
            (8) Os dados
            referentes à distribuição das ligações
            elétricas por grupos tarifários indicam que as
            ligações em alta-tensão passaram de 44,3% (92)
            para 40,3% (95) na participação da receita do
            setor. Os privilégios tarifários se explicitam com
            os subsídios concedidos para alguns setores
            produtivos, à título de incentivo à exportação.
            (9) BERMANN, Célio -
            "Política energética e emissões de CO2 ".
            Relatório do Projeto "Perspectivas
            Norte-Sul de Sustentabilidade". Rio de Janeiro,
            FASE/Friends of the Earth, 1996. 
            O acesso à rede
            elétrica é mais crítico nas áreas rurais, onde
            3,7 milhões de domicílios não estão
            eletrificados. Se consideramos os 644 mil domicílios
            urbanos sem eletricidade, são 20,4 milhões de
            habitantes ainda privados da eletricidade.
            (10) Ver ref.
            bibliogr. da nota (1).
            (11) PETROBRÁS -
            "Caderno DIPRO/ DICOP/SEPRO-versão
            oficial 02 - set. 94", 1994, 48 p.
            (12) ARAÚJO, Adiel G.
            "A exploração no Brasil. Estudo de caso do
            roubo da produtividade dos petroleiros e da
            rentabilidade da Petrobrás". Monografia.
            Curitiba, dezembro/ 1991, 20 p.
            (13) ELETROBRÁS-SIESE
            - Boletim Trimestral-síntese 1995. Os dados de
            dispêndio com pessoal são referentes às
            concessionárias do Estado de São Paulo. Em algumas
            empresas distribuidoras de várias regiões do país,
            a folha de pagamento alcança a faixa de 25-30% da
            receita. Ver a respeito ROSA, Luiz Pinguelli e SENRA,
            Paulo M. A. "Participação privada na
            expansão do setor elétrico ou venda de empresas
            públicas?" , COPPE/ UFRJ, Rio de Janeiro,
            1995. 218 p.
            (14) EID, Farid &
            SCOPINHO, Rosemeire - "Estratégias de gestão e
            ideologia na agro-indústria sucroalcooleira da
            região de Ribeirão Preto". In: Anais do XV
            ENEGEP- Congresso Brasileiro de Engenharia de
            Produção. São Carlos, setembro/1995, pp.
            727-730.
            A este respeito ver
            também ALVES, Francisco J.C. - "Novo padrão
            tecnológico na produção sucroalcooleira e os
            atores sociais: algumas notas sobre a introdução do
            corte da cana crua". In: Anais do XV
            ENEGEP- Congresso Brasileiro de Engenharia de
            Produção. São Carlos, setembro/1995, pp.
            l004-l007.
            (15) Ver ref.
            bibliogr. da nota (5). Ver também
            ABRACAVE-Associação Brasileira de Florestas
            Renováveis - Anuário Estatístico/ Statistical
            Yearbook 1995. Belo Horizonte, l8 p.
            (16) ver ref.
            bibliogr. da nota (3).